O discurso religioso às vezes engrossa o coro de vozes homofóbicas, mesmo que se oponha explicitamente à violência. Na Igreja Católica, a doutrina contrária à homoafetividade foi abertamente contestada pelo clero de Chicago, em 2003 (ver aqui), após um pronunciamento da alta hierarquia eclesiástica contrário às uniões homossexuais. Em nome da dignidade da pessoa humana e do respeito que lhe é devido, aqueles sacerdotes criticaram o tom de tamanha violência e abuso contra gays e lésbicas, que são filhos e filhas da Igreja. Ninguém mais do que eles e elas têm sido massacrados por uma linguagem tão vil, que os demoniza. Termos como atos “intrinsecamente desordenados”, uniões “nocivas” e “graves depravações”, são um bombardeio que em muitos arrasa o respeito próprio e a auto-estima. Em lugar dessa linguagem asquerosa e tóxica, eles propõem uma abertura de diálogo que inclua a experiência vivida dos fiéis. Os sacerdotes reconhecem a bênção divina na vida de inúmeros homossexuais em seus relacionamentos. E defendem que suas vivências sejam ouvidas com respeito.

Nem sempre se pode impedir que pessoas e instituições expressem convicções homofóbicas, mas se pode enfrentar estas convicções com a luz da ciência, que não considera mais a homossexualidade como doença; com a luz da fé no Deus bom, anunciado por Jesus, e com espírito profético. Jesus ensina que a lei foi feita para o homem, e não o homem para a lei, e nos oferece o Seu jugo leve e o Seu fardo suave. Assim as vozes homofóbicas podem se calar dentro de pessoas feridas e devastadas.